Fisioterapeuta na Ventilação Mecânica






No Brasil, os fisioterapeutas estão cada vez mais presentes nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Essa inserção foi iniciada na década de 1970, e sua afirmação como integrante da equipe de assistência intensiva tem sido progressiva. A reflexão sobre esse avanço poderá gerar diretrizes e metas que propiciem recomendações de ações terapêuticas, normatização da estrutura administrativa, treinamentos técnicos e gerenciais, definições das relações de trabalho, efetividade no custo-saúde e renumeração qualificada, com resultados mais eficientes para a população de pacientes críticos

Em UTI clínica ou geral, permanece controverso se assistência fisioterapêutica integral é capaz de diminuir o tempo de suporte ventilatório mecânico. Na terapia intensiva, o fisioterapeuta brasileiro está na linha de frente dos cuidados respiratórios avançados, respaldado pelas melhores evidências científicas.

A ventilação mecânica (VM) é um recurso terapeuticamente utilizado nas UTI, objetivando a manutenção das trocas gasosas, alívio do trabalho respiratório, reversão ou prevenção da fadiga da musculatura respiratória, diminuição do consumo de oxigênio e aplicação de terapêuticas específicas.

Atualmente é importante compreender que existem basicamente duas formas de se ventilar um paciente, que devem ser escolhidas levando em consideração a capacidade de contração dos músculos respiratórios e a presença ou ausência de estímulo neurológico que proporciona esta contração. Em situações nas quais o "drive ventilatório" está comprometido, o modo de escolha é o ASSISTO-CONTROLADO.

Neste modo, o ventilador mecânico é capaz de substituir completamente a respiração espontânea, garantindo as incursões respiratórias por minuto (FR), sem deixar de permitir que o paciente participe da ventilação caso o "drive ventilatório" seja restabelecido.

De maneira oposta, ou seja, quando o "drive ventilatório" está presente e o paciente não está sob uso de sedativos (ou em uso de baixas doses), o modo de escolha é o ESPONTÂNEO, cuja função é fornecer pressões positivas que auxiliam o paciente na oxigenação e na ventilação. Neste caso, a FR é determinada pelo próprio paciente.

Modos assisto-controlados

Ventilação controlada a pressão

Esta modalidade ventilatória é limitada à PRESSÃO INSPIRATÓRIA (parâmetro que, quando ajustado, não é ultrapassado pelo ventilador mecânico) e ciclada ao TEMPO INSPIRATÓRIO (parâmetro que, quando ajustado, determina o final da inspiração e o início da expiração).

Os parâmetros que normalmente são ajustados nesta modalidade são: a) Frequência Respiratória (FR); b) Fração Inspirada de Oxigênio (FiO2); c) Pressão Inspiratória (LIMITE); d); Tempo Inspiratório (CICLAGEM); e) Pressão Positiva ao Final da Expiração (PEEP); g) Sensibilidade (ou Trigger).

Principal vantagem: evita barotrauma (devido ao controle de pressão imposta nas vias aéreas).

Principal desvantagem: não garante o volume corrente adequado às necessidades do paciente (hipoventilação em casos de obstrução de vias aéreas).

Ventilação controlada a volume

Esta modalidade ventilatória é limitada ao FLUXO (parâmetro que, quando ajustado, não é ultrapassado pelo ventilador mecânico) e ciclada ao VOLUME CORRENTE (parâmetro que, quando ajustado, determina o final da inspiração e o início da expiração). Os parâmetros que normalmente são ajustados nesta modalidade são: a) Frequência Respiratória (FR); b) Fração Inspirada de Oxigênio (FiO2); c) Fluxo (LIMITE); d) Volume Corrente (Vt-Vc) (CICLAGEM); f) Pressão Positiva ao Final da Expiração (PEEP); g) Sensibilidade (ou Trigger).

Principal vantagem: garante o volume corrente adequado às necessidades do paciente.

Principal desvantagem: maior risco de barotrauma (o ventilador irá gerar a pressão necessária para garantir o volume ajustado, independente se esta pressão será nociva às vias aéreas ou não).

Para a atuação do Fisioterapeuta frente a Ventilação Mecânica em hospital, a ASSOBRAFIR lançou um esclarecimento à ventilação mecânica invasiva:

• A coordenação da ventilação mecânica é um processo horizontal e compartilhado, conforme os princípios da interdisciplinaridade, integralidade e resolutividade da assistência a saúde. A palavra coordenação significa dispor situações metodicamente ou conciliar meios e esforços para uma ação comum, não prevendo, portanto, relação de subordinação.

• A Fisioterapia em Terapia Intensiva atua diretamente em todas as etapas do suporte ventilatório mecânico, desde seu inicio até sua descontinuação, conforme estabelecido na Resolução COFFITO 402 de 03 de agosto de 2011, a qual disciplina nossa especialidade e define como área de competência do especialista:

"… Gerenciar a ventilação espontânea, invasiva e não invasiva; Avaliar a condição de saúde do paciente crítico ou potencialmente crítico para a retirada do suporte ventilatório invasivo e não invasivo; Realizar o desmame e extubação do paciente em ventilação mecânica…".

• A coparticipação do Especialista em Fisioterapia em Terapia Intensiva no gerenciamento e compartilhamento das decisões e definições de todo processo relacionado a ventilação mecânica invasiva melhora consideravelmente os desfechos clínicos.

• O Art. 8° da RDC nº 7, a qual regula o funcionamento das UTIs, atesta o texto supracitado, conforme verificado no trecho destacado abaixo: "… a unidade deve dispor de registro das normas institucionais e das rotinas dos procedimentos assistenciais e administrativos realizados na unidade, as quais devem ser:

- elaboradas em conjunto com os setores envolvidos na assistência ao paciente grave, no que for pertinente, em especial com a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar.

- aprovadas e assinadas pelo Responsável Técnico e pelos coordenadores de enfermagem e de fisioterapia."

• Considerando que o Título de Especialidade Profissional em Fisioterapia em Terapia Intensiva ou Fisioterapia Respiratória significa a exação do exercício profissional do Fisioterapeuta, representando, sobretudo, uma atenção especial e especializada, em face das solicitudes dos clientes, dos familiares e da coletividade, para os quais a referida atenção está dirigida, a ASSOBRAFIR recomenda que os fisioterapeutas que atuam em Unidades de Terapia Intensiva tornem-­‐se especialistas, atestando assim a sua capacidade técnica perante o processo de ventilação mecânica.

• A ASSOBRAFIR foi reconhecida pelo COFFITO – Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, como a associação de especialidade responsável pela certificação dos especialistas profissionais em Fisioterapia Respiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva, comprovando dessa forma, a seriedade e responsabilidade dessa entidade para com as especialidades por ela representada.

Diante disso, a atuação da Fisioterapia em Terapia Intensiva é fundamental na equipe interdisciplinar que atua com assistência ventilatória mecânica invasiva, cabendo à equipe de Fisioterapia, detentora de conhecimento específico, participar do projeto terapêutico estabelecido pela equipe que assistirá o paciente.

A ventilação mecânica é vasta e deve ser estudada com frequência, pois a todo momento surgem novas tecnologias que fornecem novas modalidades ventilatórias, novos parâmetros e novos índices. Por isso, indicamos esses 4 cursos sobre Ventilação mecânica para essa atualização:

Curso online de Ventilação Mecânica 
Ventilação Mecânica Invasiva: princípios básicos e modos convencionais
Ventilação Mecânica em Pacientes Asmáticos
Ventilação Mecânica Invasiva no Adulto

Até a próxima!




Eu sou a Dani, a atendente do Quero Conteúdo. Se você quiser ter conteúdo sobre esse tema para estudo, entre em contato pelo Whatsapp ou email do site . Conheça também nossa página de materiais educativos gratuitos .

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