A dislexia é um transtorno do neurodesenvolvimento, resultado de disfunções em áreas cerebrais responsáveis pelos processos de escrita e leitura. Isso faz com que as crianças disléxicas aprendam de forma diferente, pois têm um processamento mais lento, além de uma capacidade de fluência e memorização reduzida.
É na escola que a dislexia, de fato, aparece. Há disléxicos que revelam suas dificuldades em outros ambientes e situações, mas nenhum deles se compara à escola, local onde a leitura e escrita são permanentemente utilizadas e, sobretudo, valorizadas. Entretanto, a escola que conhecemos certamente não foi feita para o disléxico. Objetivos, conteúdos, metodologias, organização, funcionamento e avaliação nada têm a ver com ele. Não é por acaso que muitos portadores de dislexia não sobrevivem à escola e são por ela preteridos. E os que conseguem resistir a ela e diplomar-se o fazem, astuciosa e corajosamente, por meio de artifícios, que lhes permitem driblar o tempo, os modelos, as exigências burocráticas, as cobranças dos professores, as humilhações sofridas e, principalmente, as notas.As dificuldades dos alunos com dislexia devem ser consideradas no planejamento das atividades pedagógicas. É importante conhecer as estratégias e metodologias mais adequadas para ensinar as crianças disléxicas. Veja algumas dicas para incluir a criança com dislexia no contexto escolar
- Dividir a aula em espaços de exposição, seguido de uma "discussão" e síntese ou jogo pedagógico;
- Dar "dicas" e orientar o aluno como se organizar e realizar as atividades na carteira;
- Valorizar os acertos;
- Estar atento na hora da execução de uma tarefa que seja realizada por escrito, pois seu ritmo pode ser mais lento por apresentar dificuldade quanto à orientação e mapeamento espacial, entre outras razões;
- Observar como ele faz as anotações da lousa e auxiliá-lo a se organizar;
- Desenvolver hábitos que estimulem o aluno a fazer uso consciente de uma agenda para recados e lembretes;
- Na hora de dar uma explicação usar uma linguagem direta, clara e objetiva e verificar se ele entendeu;
- Permitir nas séries iniciais o uso de tabuadas, material dourado, ábaco e para alunos que estão em séries mais avançadas, o uso de fórmulas, calculadora, gravador e outros recursos sempre que necessário;
É equivocado insistir em exercícios de "fixação": repetitivos e numerosos, isto não diminui sua dificuldade.
Levando-se em conta que o ensino, a aprendizagem e a avaliação constituem um ciclo articulado, deve-se para isso cumprir quatro perspectivas importantes:
- Ser formativa
- Ser qualitativa
- Ser construtivista
- Multimeios
A inclusão do aluno disléxico na escola, como pessoa portadora de necessidade especial, está garantida e orientada por diversos textos legais e normativos.
Alguns aspectos práticos a serem observados em relação à avaliação:
- Avaliar continuamente (maior número de avaliações e menor número de conteúdo);
- Personalizar a avaliação sempre que possível. Desenhos, figuras, esquemas, gráficos e fluxogramas, ilustram, evocam lembranças ou substituem muitas palavras e levam aos mesmos objetivos;
- Quando for idêntica a dos colegas, leia você mesmo(a) os enunciados em voz alta, certificando-se de que ele compreendeu as questões;
- Durante a avaliação preste a assistência necessária, dê a ele chance de explicar oralmente o que não ficou claro por escrito e respeite o seu ritmo;
- Ao corrigi-la, valorize não só o que está explícito como também o implícito e adapte os critérios de correção para a sua realidade;
- Não faça anotações na folha da prova (sobretudo juízo de valor);
- Não registre a nota sem antes:
- Retomar a prova com ele e verificar, oralmente, o que ele quis dizer com o que escreveu;
- Pesquisar, principalmente, sobre a natureza do(s) erro(s) cometido(s). Ex.: Não entendeu o que leu e por isso não respondeu corretamente ao solicitado? Leu, entendeu, mas não soube aplicar o conceito ou a fórmula? Aplicou o conceito (ou a fórmula), mas desenvolveu o raciocínio de maneira errada? Em outras palavras: em que errou e por que errou?
- Dê ao aluno a opção de fazer prova oral ou atividade que utilize diferentes expressões e linguagens. Exigir que o disléxico comunique o que sabe, levante questões, proponha problemas e apresente soluções exclusivamente através da leitura e da escrita é violentá-lo; é, sobretudo, negar um direito – natural – de comunicar-se, de criar, de livre expressar-se.
Não é necessário que alunos disléxicos fiquem em classe especial. Alunos disléxicos têm muito a oferecer para os colegas e muito a receber deles. Essa troca de humores e de saberes, além de afetos, competências e habilidades só faz crescer a amizade, a cooperação e a solidariedade.
Não existem duas crianças disléxicas iguais, assim como não existe uma abordagem única, que funciona para todos. Ao compartilhar o conhecimento sobre o progresso contínuo do seu aluno com os pais, escola e família poderão trabalhar juntas para encontrar os métodos de aprendizagem mais adequados para cada aluno com dislexia.
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