Psicologia e sua importância no estudo do desenvolvimento infantil




Quando se refere as etapas do desenvolvimento infantil nos remetemos as correntes da psicologia. Etimologicamente, a palavra psicologia tem sua origem na língua grega, onde psiché quer dizer alma e logia, razão significando então, o tratado da alma.

A psicologia tem grande influencia na educação. Existem práticas pedagógicas que, ora oscila em favor de uma tendência subjetivista, e ora por uma tendência objetivista de sujeitos. Foi a partir dos anos 70, no Brasil, que a perspectiva teórica que influenciou o modo como processo de ensino-aprendizagem seria definido. Chamamos então, de Behaviorismo ou Comportamentalismo.
Em diferentes partes do mundo, teóricos da educação procuraram criticar o modo reducionista de conceber a aprendizagem, propondo visões alternativas. Dentre esses teóricos, os Gestaltistas se destacaram pela teoria de Gestalt, que estuda os processos cognitivos envolvidos na percepção e na aprendizagem. Por ser inovadora e convincente, a teoria de Gestalt inspirou o surgimento de um campo da psicologia que estuda a aprendizagem, a psicologia cognitiva.
A psicologia da educação estava insatisfeita com a noção de um sujeito determinado por sua natureza individual externa, sentiu-se necessidade de uma concepção que contemplasse a interação entre indivíduo e realidade.
Nesse contexto, a teoria genética de Jean Piaget se fortalece passando a ser estendida a educação sob a denominação de Construtivismo Piagetiano.

Construtivismo piagetiano

Jean Piaget (1975) buscou romper com as perspectivas aprioristas, ou seja, que aceita, na ordem do conhecimento, fatores independentes da experiência; e as teorias ambientalistas, introduzindo uma teoria do desenvolvimento da inteligência baseada na interação do sujeito com os objetos do conhecimento.
Segundo Jean Piaget (1975) os atos biológicos são atos de organização e adaptação ao meio ambiente. O termo organização refere-se à tendência invariável das espécies de organizar seus processos internos em sistemas coerentes. O termo adaptação se dá quando o organismo se transforma em função do meio e quando essa variação tem como efeito um acréscimo das trocas entre ambos. A inteligência, portanto, seria uma forma especial de adaptação biológica.
Existem outros quatro conceitos que Jean Piaget define como básicos no processo de desenvolvimento infantil e intelectual, são eles:
  • Assimilação: é quando o indivíduo incorpora em seu ser, ou seja, assimila as características externas do meio a sua estrutura interna;
  • Acomodação: o indivíduo após assimilar as características externas, ele as acomoda para suportar as pressões do ambiente;
  • Esquemas de ação: A partir da assimilação e acomodação, o indivíduo (bebê) apresenta comportamentos baseados em reflexos, que são as respostas automáticas dadas pelo organismo ao ambiente. Neste contexto, vê-se que o movimento, um dos conhecimentos básicos da psicomotricidade, é a primeira forma de comunicação do indivíduo, relacionando ao desenvolvimento da psicomotricidade. Esses reflexos são transformados posteriormente, segundo Piaget em esquemas de ação.
Enquanto um bebê de alguns meses de vida utiliza esquemas de comportamento, uma criança quando estaria na escola trabalharia seu cérebro realizando assim operações mentais, ou seja, os esquemas de ação permeiam até o desenvolvimento total do intelecto do indivíduo.
  • Equilibração: Essa etapa é um importante segmento na teoria piagetiana. Seria uma forma de adaptação que procura maximizar as interações organismo-meio através da construção de novos instrumentos de compreensão e ação sobre a realidade. Esses conhecimentos vão sendo gerados e surgindo através de outros já existentes.
Os estágios de desenvolvimento segundo Piaget
Os períodos que marcam o desenvolvimento intelectual da criança, segundo Piaget (1975) são, período sensório-motor; período operatório; período operatório formal.
  • Período sensório-motor (compreende de zero a dois anos): A inteligência sensório-motora caracteriza-se pela ausência de pensamento, representação ou linguagem. A atividade intelectual é puramente sensorial e motora em sua interação com o ambiente. O estágio sensório-motor é dividido em seis sub-estágios:
  • Estágio reflexo: os efeitos da experiência estão centrados nos mecanismos providos de hereditariedade: sucção, preensão, choro, etc. ainda que as aprendizagens sejam significativas, estão ainda submetidas à esfera dos reflexos.
  • Estágio das reações circulares primárias: caracteriza-se pela tendência de exercitar os esquemas descobertos a partir dos reflexos através de comportamento repetitivos. Os exercícios dos primeiros esquemas mentais são denominados reações circulares primárias. As reações circulares, nesse estágio, centram-se no corpo do bebê que, por exemplo, aprende a levar o dedo na boca.
  • Estágio das reações circulares secundárias: elementos externos ao corpo do bebê são incorporados aos esquemas até então construídos. O bebê começa a engatinhar e manipular as coisas mais intensamente. As imitações passam a ser sistemáticas. O bebê torna-se capaz de produzir eventos interessantes descobertos, por acaso, o que envolve uma atividade mais complexa e intencional.
  • Estágio da coordenação dos esquemas secundários: as ações do bebê passam a visar uma meta pré-determinada. Surge o comportamento instrumental e a busca ativa dos objetos desaparecidos. Se um objeto é colocado entre o bebê e o objeto que ele deseja alcançar, ele desenvolve meios para remover o obstáculo. O bebê tenta utilizar como meios esquemas desenvolvidos em outras situações, generalizando padrões de comportamento previamente adquiridos (assimilação generalizadora). No decorrer dessas generalizações, os esquemas vão sendo modificados, mas o bebê só retém os que funcionam para remover o obstáculo. Nesse estágio, a acomodação dos antigos esquemas à experiência adquirida com as novas ações depende do sucesso dessas ações.
  • Estágio das reações circulares terciárias: nesse estágio, o bebê está aprendendo, ou já aprendeu a andar, e sai em busca de novidades. Não foca seu interesse apenas nela mesma, ou nos objetos que servem de meios para alcançar determinados fins, passando a ter curiosidade pelos objetos sob um outro ponto de vista. Começa a atribuir permanência e reconhecer que eles têm uma existência independente dela própria. Põe em prática, o ensaio-e-erro para descobrir as propriedades dos objetos, enquanto vai acomodando seu próprio comportamento a eles, e assimilando novos esquemas sem dificuldade.
  • Início da representação: esse estágio representa a transição para o próximo período de desenvolvimento, no qual a criança torna-se capaz de utilizar símbolos mentais e palavras para referir-se a objetos ausentes. A representação significa a libertação do aqui e agora, introduz a criança no mundo das possibilidades. Agora, para imitar a criança ensaia mentalmente em lugar de repetir diversas vezes um comportamento. O conceito de permanência do objeto é completamente elaborado. Devido à capacidade de representação mental a criança pode reconstruir uma série de deslocamentos invisíveis do objeto. É uma fase que revela o início da descentração.
    • Período operatório:
  • estágio pré-operatório: caracteriza-se pelo exercício das habilidades representacionais, pelo egocentrismo e pela socialização progressiva do comportamento. O egocentrismo corresponde à indiferenciação entre o próprio ponto de vista e o dos outros, ou entre a própria atividade e as transformações que ocorrem na realidade. É inconsciente, pois tomar consciência dele, o destrói.
A partir dos dois anos o desenvolvimento do vocabulário e, conseqüentemente, da linguagem, facilita o desenvolvimento conceitual, da socialização da ação, da internalização da palavra como pensamento propriamente dito. O pensamento passa a construir-se pela internalização da ação, constituindo uma linguagem interna e um sistema de signos. A ação deixa de ser puramente perceptiva e motora, tornando-se uma representação intuitiva por meio de imagens e experimentos mentais. O egocentrismo, ainda se expressa dos três aos sete anos.
  • estágio operatório concreto: esse estágio compreende o período dos sete a onze anos. A criança desenvolve o uso do pensamento lógico. Já pode solucionar problemas de conservação e a maioria dos problemas concretos, demonstrando capacidade de seriação e de classificação. Pode pensar logicamente, mas não pode aplicar a lógica a problemas hipotéticos, abstratos. No campo afetivo, a conservação de sentimentos, a formação da vontade, e o início do pensamento autônomo levam a criança a considerar os motivos dos outros nos seus julgamentos morais, o que demonstra uma superação do egocentrismo.
  • Período operatório-formal: Nesse estágio, as estruturas cognitivas (esquemas) qualitativamente maduras, e o indivíduo torna-se estruturalmente apto a aplicar operações lógicas a problemas hipotéticos. O adolescente torna-se capaz de raciocinar sobre a lógica de um argumento independentemente de seu conteúdo.


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