Principais características do trabalho dos enfermeiros




Os enfermeiros sabem que têm uma forte razão social para existirem

Na instituição hospitalar, o trabalho dos técnicos de saúde desenvolve-se em unidades de cuidados organizadas segundo as várias especialidades médicas. Nesse contexto, os enfermeiros inseridos nessas unidades realizam o seu trabalho em equipes de 15, 20, 30 ou mais elementos, consoante às necessidades e ao tipo de cuidados exigidos.

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Em termos de espaço físico, a maioria das unidades de cuidados destina aos enfermeiros um gabinete para o chefe, uma sala de trabalho, onde se realizam todas as atividades dos profissionais de enfermagem, executando os cuidados diretos ao doente. Como tal, os enfermeiros não possuem um espaço para reuniões de equipe, ou para alguns momentos de pausa.

No que se refere ao tipo de horário, os enfermeiros devem trabalhar 40 horas semanais distribuídas por turnos de 8 horas, que podem ser praticadas no período da manhã, tarde ou noite.

Na maioria das vezes o número de horas de trabalho pode ainda prolongar-se por diversos motivos, tais como: excesso de atividades a realizar; tempo gasto na passagem de turno (a transmitir informação); atraso por parte dos colegas, ou ainda por situações inesperadas e urgentes relacionadas aos doentes. Verifica-se, porém, que o acréscimo de horas de trabalho, fora do horário normal de serviço dos enfermeiros, não é objeto de qualquer compensação.

Do exposto, torna-se fácil compreender alguns dos constrangimentos vivenciados pelos enfermeiros, tanto no contexto do seu trabalho, como no exercício das suas funções. Tais constrangimentos refletem-se, sobretudo no nível dos sentimentos de identidade e autonomia. Contudo, referem alguns autores, tal problema advém também da própria atitude destes profissionais de saúde, os quais têm permitido que o seu trabalho fosse organizado para dar resposta prioritariamente às prescrições feitas à determinada doença, assim como às regras institucionais (Lopes, 1997).

No entanto, todos os enfermeiros sabem que têm uma forte razão social para existirem, pelo que ninguém pode conceber uma organização de saúde em que tais profissionais não estejam incluídos. Mas, apesar disso, e muito embora se trate do maior grupo profissional do setor da saúde, não lhes é, por vezes, dada a oportunidade de participar nas decisões das suas políticas, seja a níveis mais elevados ou a níveis mais intermédios.
Para melhor compreendermos algumas das causas desta problemática, é importante referir que, devido à evolução técnica e ao conhecimento científico (desde o início do século XX), os enfermeiros passaram a acumular uma diversidade de papéis, tais como: o de gestor da unidade de cuidados, o de apoio à pessoa doente e, também, com um relevo especial, o de colaborador no trabalho do médico.

Segundo Lopes (1997), neste amplo conjunto de funções sempre foi concedido aos enfermeiros certo "espaço de poder", tratando-se, porém de um poder virtual, dado que havia sempre alguém a controlar tal poder, mesmo que de uma forma subjetiva. Por isso, os enfermeiros ocuparam sempre um papel essencial nas instituições hospitalares, mas ocupando sempre um lugar de retaguarda.

Desse modo, os profissionais de enfermagem foram se organizando e deixando que os organizassem no sentido de que aceitariam o dever de cuidar das pessoas sem nunca exigirem o direito de determinar o modo como satisfariam tal dever. Como tal, sempre se esperou que os enfermeiros respondessem à obrigação de cuidar fosse a que circunstâncias fossem (Salvage, 1990).

Posto isso, os enfermeiros ocupam o seu tempo em uma multiplicidade de tarefas e atividades polivalentes. No entanto, sabe-se que são constantemente dominados por uma sensação de ambivalência, por não estarem a realizar aquilo que lhes compete, devido à enorme quantidade de tarefas que obrigatória e quotidianamente devem executar em tempo útil. Tal realidade, quando percebida, provoca sentimentos de irritação e de frustração nos enfermeiros, sentindo-se condicionados por fatores do contexto que os levam a reagir à margem do seu ideal profissional e pessoal.

Perante isso, as tomadas de decisão na organização do trabalho dos enfermeiros devem ser em função das necessidades da pessoa e não de interesses pessoais, institucionais ou de outros técnicos, de normas ou rotinas. Para tal, impõe-se uma reestruturação no funcionamento dos serviços por meio de novas dinâmicas das relações interpessoais no trabalho, anulação e libertação de comportamentos estereotipados, definição de objetivos qualitativos, em síntese, uma filosofia, como cidadão e ser humano que é.

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