Aumenta, a cada dia, o número de pessoas que sofrem de dor oncológica e muitas delas permanecem sem tratamento adequado. No entanto, existem métodos capazes de controlar este tipo de dor. Os cuidados atentos da enfermagem, associados à terapêutica medicamentosa, são as bases para manejar a dor do câncer, tornando-a suportável para o paciente.
Os enfermeiros devem ter em mente que os pacientes têm direito a ter sua dor aliviada; a persistência da dor ocasiona sofrimento inútil para o doente, familiares, amigos e equipe de saúde.
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É importante que a enfermagem busque sempre a atualização do conhecimento e do preparo para lidar com os problemas do paciente com câncer, uma vez que ele é colocado frente a frente com frustrações de um trabalho com poucos retornos gratificantes. Por esta razão, faz-se necessário o real entendimento da sua função, de forma a ser impulsionado a continuar suas atividades.
Ao cuidar de um paciente com dor é importante considerar dois tópicos que são relevantes para o exame, a intervenção e a avaliação. Primeiro: é o enfermeiro deve acreditar quando o paciente diz estar com dor. Não existem escalas exatas que mensure a dor, portanto, a avaliação é obtida através de dados sobre causas físicas, mentais ou emocionais da dor. Segundo: é a observação da variedade de comportamentos não verbais que indicam a presença da dor.
Aspectos avaliados: a avaliação da enfermagem é feita através dos seguintes aspectos :
a) Determinação da dor: Aguda ou Crônica;
b) Atitudes do paciente;
c) Identificação de fatores que influenciam a dor e a resposta do paciente a ela.
Esta avaliação proporciona ao enfermeiro a realização de um planejamento de enfermagem, voltado para a melhoria dos sintomas aqui estudado.
Avaliações e Intervenções de Enfermagem:
1. Avaliar o tipo de dor do paciente: localização, duração, qualidade e influência nas atividades do cotidiano;
2. Usar uma escala de intensidade da dor que vai de 0 (ausência de dor) a 10 (pior dor possível). Obter uma investigação cuidadosa dos medicamentos já utilizados e atuais, a resposta e os efeitos colaterais destes;
3. Explorar intervenções para a dor que tenham sido usadas e sua eficácia. Correlacionar a dor e sua intensidade ao analgésico prescrito;
4. Os analgésicos poderão ir diminuindo a partir do momento que se associa ao tratamento, a quimioterapia e radioterapia;
5. Intervir a fim de minimizar os riscos de ocorrência, gravidade e complicações da dor;
6. Usar medidas alternativas para alívio, como: construção de imagem, relaxamento e biofeedback;
7. Incentivar medidas que promovam o relaxamento: massagem superficial, compressiva ou vibratória;
8. Transmitir a sensação de que a dor do paciente é compreendida e que pode ser controlada;
9. Promover o conforto físico através de camas, protetores de colchões, aparelhos de apoio e demais equipamentos necessários;
10. Procurar ajudar paciente, familiares e equipe médica em relação à necessidade de apoio para controlar a doença;
11. Buscar ajuda de religiosos (quando o paciente professar uma determinada religião e for receptivo);
12. Controlar estímulos ambientais que possam prejudicar o paciente, tais como: barulho, calor, luz etc., evitando bater portas ao entrar ou sair do quarto ou enfermaria e controlando o volume da própria voz ao falar com o paciente;
13. Incentivar ajuda de um especialista, nos casos de dor intratável;
14. Ajudar o paciente a imaginar que está se livrando da dor, sempre que expira lentamente;
15. Esclarecer o paciente sobre as medidas tomadas a fim de reduzir e eliminar sua dor;
16. Estimular medidas relacionadas à terapia ocupacional, leituras, televisão, música e, se possível, trabalho com argila, aquarela, crochê, tricô;
17. Comprometer-se com o paciente a não abandoná-lo, caso a dor persista, continuando a buscar alternativas para controlá-la;
18. Usar técnicas que ajudem no relaxamento, evitando fadiga, promovendo a descontração do músculo esquelético, que reduz a intensidade da dor ou aumenta a tolerância à ela;
19. Sempre que possível, usar a via oral para administração dos medicamentos, evitando a via IM;
20. Administrar analgésicos previamente, antes do ressurgimento dos sintomas da dor, a fim de evitar dor severa;
21. Solicitar ajuda de outros profissionais da saúde, caso apareça dor em outras regiões do corpo, ou mesmo o aumento desta;
22. Orientar quanto aos métodos de administração dos medicamentos, determinados pelo pico de ação e duração do medicamento no organismo, conforme necessidade do paciente e a prescrição médica;
23. Observar e orientar o paciente a respeito dos efeitos colaterais dos medicamentos de controle da dor, tais como, constipação, náuseas e tolerância aos remédios; a fim de preveni-los e minimizá-los;
24. Sugerir combinações de medicamentos narcóticos e não-narcóticos;
25. Entrar em contato com profissionais de saúde que fazem uso de métodos não farmacológicos no alívio da dor;
26. Qualquer alteração de resposta ao esquema de controle da dor - tal como nível de consciência, depressão respiratória (menor que oito inspirações/minuto), constipação, vômitos incontroláveis e retenção urinária - deve ser imediatamente comunicada ao médico assistente;
27. Medicações analgésicas devem ser administradas em horários padronizados e não apenas em momentos de crise;
28. Procurar proporcionar ao paciente uma melhor qualidade de vida, fornecendo condições de um sono tranqüilo, aliviando sua dor, controlando o emocional e o fluxo de visitas;
29. Manter o paciente em posição confortável, mudar decúbito sempre que necessário, dar banhos de aspersão ou leito, trocas diárias de curativo, cuidados com higiene oral e monitorização de sinais vitais;
30. Observar sentimentos de tristeza, irritabilidade, medo, ansiedade e solidão, buscando subsídios para compreender o estado emocional do paciente e possibilitar-lhe apoio;
31. O trabalho de assistência ao paciente com câncer envolve uma equipe multidisciplinar composta por assistente social, psicólogo, nutricionistas, médicos e enfermeiros empenhados em acompanhar, orientar, instruir, medicar e alimentar o paciente e oferecendo suporte para aumentar a sua sobrevida com qualidade.
Educar os profissionais que atuam na oncologia para o esclarecimento do público quanto ao medo exagerado da dor neoplásica é de extrema importância, para que os pacientes que necessitarem de terapias antiálgicas possam ser assistidos de maneira mais tranqüila, sem medos ou fantasmas que aumentam a ansiedade e induzem a sofrimentos psicológicos desnecessários que dificultando o seu tratamento.
Fonte: RSBCancer.
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