A cervicalgia, ou dor cervical, é uma condição comum que afeta uma grande parte da população mundial, podendo ter diversas causas, como posturas inadequadas, lesões musculares, herniações discais e até problemas emocionais que impactam diretamente a região cervical. No entanto, a abordagem fisioterapêutica eficaz começa com uma avaliação funcional detalhada, que deve ser personalizada para cada paciente, considerando suas queixas e histórico médico.
A avaliação funcional na cervicalgia tem como objetivo não apenas identificar a causa primária da dor, mas também entender como a dor está afetando a qualidade de vida do paciente e como os movimentos diários podem ser prejudicados. A seguir, detalho os aspectos mais importantes que não podem faltar nesse processo de avaliação.
1. Anamnese Completa: Entendendo o Histórico do Paciente
A primeira fase da avaliação funcional na cervicalgia começa com a anamnese. Durante essa etapa, o fisioterapeuta deve perguntar ao paciente sobre o início da dor, os fatores que agravam ou aliviam os sintomas, além de questionar sobre qualquer histórico de lesões anteriores, traumas, doenças associadas (como artrite cervical) e hábitos posturais.
Pontos importantes a serem abordados na anamnese:
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Início da dor: Quando e como a dor cervical começou?
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Intensidade e padrão da dor: A dor é contínua ou intermitente? É aguda ou crônica?
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Causas possíveis: Existe algum evento que tenha desencadeado a dor, como um acidente ou esforço físico?
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Comorbidades: O paciente tem histórico de doenças, como hérnia de disco, espondilose cervical ou fibromialgia?
Essas informações iniciais ajudam a direcionar a investigação clínica e a identificar possíveis fatores de risco.
2. Exame Físico: Inspeção e Palpação da Região Cervical
O exame físico é uma das etapas mais cruciais na avaliação funcional da cervicalgia, pois permite ao fisioterapeuta observar a mobilidade da coluna cervical e avaliar a presença de sinais específicos que podem estar associados a diferentes patologias.
Durante o exame físico, o fisioterapeuta deve:
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Observar a postura: A postura do paciente em pé, sentado e ao caminhar deve ser analisada para identificar desvios posturais como hiperlordose cervical ou cifose.
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Palpação muscular: A palpação das musculaturas cervicais, trapezoides, escalenas e músculos ao longo da coluna cervical é essencial para identificar pontos gatilho, áreas de tensão muscular e dores locais.
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Verificar amplitude de movimento (ADM): A avaliação da ADM cervical deve ser feita em todas as direções (flexão, extensão, lateralização e rotação) para identificar possíveis limitações ou dores durante o movimento.
Além disso, testes de mobilidade das articulações cervicais devem ser realizados para verificar se há limitações articulares, como a presença de sinais de artrose cervical ou hérnia de disco.
3. Testes Específicos de Funcionalidade e Testes Ortopédicos
Após a inspeção e palpação, o fisioterapeuta deve realizar testes específicos para avaliar as estruturas envolvidas na cervicalgia. Estes testes são fundamentais para confirmar diagnósticos e direcionar o tratamento. Alguns testes específicos incluem:
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Testes de compressão e tração: São usados para avaliar a presença de radiculopatias, como as causadas por compressão de raízes nervosas no caso de hérnia de disco cervical.
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Teste de Spurling: Ajuda a identificar a presença de radiculopatias, especialmente se o paciente relata dor irradiando para os membros superiores.
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Teste de avaliação de força muscular: A força muscular de membros superiores deve ser testada, pois a cervicalgia pode impactar a força devido a compressões nervosas.
Esses testes fornecem informações sobre a possível origem da dor cervical (por exemplo, problema muscular ou nervoso) e ajudam a definir as estratégias de tratamento.
4. Avaliação Funcional e Impacto na Qualidade de Vida
É importante que o fisioterapeuta entenda o impacto da cervicalgia na funcionalidade do paciente e em suas atividades diárias. A dor cervical pode afetar desde tarefas simples, como levantar-se da cama, até atividades mais complexas no trabalho e na prática de esportes.
Algumas perguntas importantes para avaliar a funcionalidade incluem:
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Limitação nas atividades diárias: O paciente tem dificuldades para realizar tarefas como dirigir, trabalhar no computador, levantar objetos ou praticar atividades físicas?
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Impacto emocional: A dor cervical está associada a sintomas como ansiedade, depressão ou falta de sono?
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Estratégias de alívio: Quais métodos o paciente tem utilizado para aliviar a dor (uso de medicação, mudanças posturais, calor ou frio)?
Essas informações são essenciais para determinar como a dor está interferindo na vida do paciente e ajudarão a estabelecer um plano de tratamento focado na restauração da funcionalidade.
5. Planejamento Terapêutico e Definição de Objetivos
A partir das informações coletadas durante a avaliação, o fisioterapeuta deve planejar o tratamento com base nas necessidades e limitações específicas do paciente. É fundamental definir objetivos terapêuticos claros, que podem incluir:
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Redução da dor: A principal queixa de muitos pacientes com cervicalgia.
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Melhora da amplitude de movimento: Recuperação dos movimentos normais da coluna cervical.
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Fortalecimento muscular: Trabalhar a musculatura cervical e do core para melhorar a estabilidade e reduzir a sobrecarga.
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Correção postural: Ensinar estratégias posturais adequadas para prevenir a recidiva.
Conclusão
A avaliação funcional na cervicalgia é um processo essencial para fornecer um tratamento individualizado e eficaz. Ela vai muito além de identificar a causa da dor e deve incluir a análise do impacto funcional da condição e o planejamento de estratégias de reabilitação.
Se você deseja se aprofundar ainda mais nos métodos de tratamento e nas melhores práticas para lidar com a cervicalgia, confira o nosso Guia Prático sobre Fisioterapia na Cervicalgia.
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