O descompasso entre mercado de trabalho e educação superior



O Ministério da Educação (MEC) divulgou neste mês os dados do Censo do Ensino Superior de 2009 que apontou avanços em algumas áreas comemorados pelo Governo. Porém, cabem reflexões importantes acerca de quais profissionais estão se formando e, principalmente, se atendem não só a atual como a futura demanda do mercado.


Os dez cursos mais procurados, englobando ensino presencial e à distância, segundo o Censo são respectivamente: Administração, Direito, Pedagogia, Engenharia, Enfermagem, Ciências Contábeis, Comunicação Social, Letras, Educação Física e Ciências Biológicas. Sendo que os cinco primeiros são responsáveis por quase metade do total de cerca de 5,9 milhões de matrículas.

Em pesquisa recente publicada no Portal G1, efetuada com recrutadores, assim como, em inúmeras outras ecoadas na mídia em geral, também com empresários, fica evidenciada a falta de profissionais em diversas áreas. Há falta de profissionais em todos os níveis, desde pedreiros a engenheiros, técnicos, tecnólogos e especialistas. Dentre as áreas mais citadas, estão a de tecnologia da informação, mineração, petroquímica, energia, construção civil, medicina e segurança do trabalho.

Comparando os cursos mais procurados com as áreas onde faltam profissionais, vê-se claramente um paradoxo entre o que o Ensino Superior deve ainda formar em 4 ou 5 anos e o que as empresas precisam no momento atual. Detalhando o caso específico da engenharia, que está tanto entre as áreas com falta de profissionais, como entre os cursos mais procurados, é possível identificar o descompasso entre a formação e a demanda de mercado, pois, apesar de apresentar cerca de 420 mil matrículas, o número de concluintes foi em torno de 55 mil, quando, segundo a Associação Brasileira de Ensino de Engenharia, em estudo junto à Confederação Nacional da Indústria, deveria ser em torno 80 mil por ano.

Convém ainda destacar que para que o país continue crescendo é imperativo que se aumente a qualificação da mão-de-obra com a formação de profissionais não somente no Ensino Superior, mas também nos ensinos técnico e profissionalizante.

Analisando as possíveis profissões do futuro, até 2020, docentes da Universidade de São Paulo (USP) realizaram pesquisa sobre o assunto, publicada na Revista de Administração e Inovação, que aponta que as áreas com maior demanda de profissionais serão aquelas ligadas à qualidade de vida e ao envelhecimento da população, como biotecnologia, nanotecnologia aplicada à medicina, lazer e turismo, além daquelas ligadas à preocupação com o meio ambiente e à integração global, como eco-relações, geomicrobiologia e relações internacionais. Considerando apenas os cursos em oferta hoje, ainda segundo a pesquisa, os cinco mais promissores seriam Engenharia Ambiental, Relações Internacionais, Lazer e Turismo, Engenharia de Alimentos e Engenharia da Computação.

Fazendo a relação dos cursos promissores para o futuro e dos procurados atualmente, novamente é possível identificar o descompasso entre formação e mercado de trabalho, já que em educação os resultados não são de curto prazo, ou seja, estaremos formando nos próximos anos profissionais que provavelmente sobrarão em algumas áreas e continuarão a faltar em outras.

O cenário apresentado mostra a necessidade eminente de novas políticas públicas para a educação ou revisão e ampliação das atuais, como o Programa Universidade para Todos (PROUNI), os programas de financiamento estudantil como o FIES, dentre outras, para que direcionem de maneira efetiva a formação profissional para as áreas prioritárias, vindo a reduzir o atual déficit de profissionais e evitando que o mesmo persista ou aumente no futuro.

Sobre o Autor:
Alexey Carvalho é administrador, mestre em tecnologia, especialista em tecnologia da informação e gestão de negócios, professor de pós-graduação e Diretor da Faculdade Anhanguera de São Caetano.

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